A Petrobras decidiu suspender o projeto piloto para geração eólica offshore no campo de Ubarana, na Bacia Potiguar, litoral do Rio Grande do Norte. A decisão foi comunicada ao Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental do projeto, no fim de janeiro.
Em ofício encaminhado à diretoria de Licenciamento, a Petrobras afirma que o projeto foi “reavaliado e suspenso, enquanto a empresa prospecta oportunidades de sinergias e parcerias com objetivo de desenvolver um projeto comercial de geração eólica offshore no Brasil”.
A eólica de Ubarana seria um projeto-piloto, de pesquisa. Além da torre e do aerogerador, a Petrobras previa a instalação de equipamentos para medir o potencial de geração a cerca de 20 km da costa de Guamaré, em uma região com lâmina d’água média entre 12 e 16 metros.
Na atual gestão de Roberto Castello Branco, a Petrobras está deixando os setores de energia, o que inclui vender e reduzir sua presença na geração renovável – além de eólica, está saindo também da produção de biocombustíveis.
Faz parte da estratégia de “maximizar o retorno para os acionistas”, isto é, investir na produção de petróleo e gás natural do pré-sal, ativos que dão mais retorno. No fim do ano passado, a companhia desistiu de uma parceria para estudar projetos eólicos offshore ao lado da Total Eren, divisão da petroleira francesa Total. Poder360
Essa postura, inclusive, começa a ser questionada por analistas de mercado. Durante a apresentação dos resultados da companhia, em fevereiro – quando revelou um lucro recorde de R$ 40 bilhões –, foram feitos questionamentos se o freio na transição energética não pode impactar a reputação e a competitividade da empresa no futuro.
“Acho que após mais dois anos de trabalho árduo a empresa será mais competitiva e estará preparada para concluir quais serão as áreas competitivas em renováveis para a Petrobras”, avaliou Andrea Almeida, diretora financeira da companhia. Valor
Por enquanto, o foco da empresa é em mitigação de emissões. Pretende investir US$ 850 milhões até 2024 em medidas descarbonização da sua produção de petróleo e gás natural – por ano, serão US$ 70 milhões em P&D e mais US$ 100 milhões para interromper emissões em flare, captura e armazenamento de CO2 e eficiência energética.
Enquanto isso, serão apresentados, no próximo dia 11 de março, os estudos de impacto ambiental (.pdf) do parque eólico offshore Caucaia, da Bi Energia, no litoral do Ceará. É a primeira audiência pública para licenciamento de eólica offshore no país.
A Bi Energia pretende instalar 59 aerogeradores, 48 deles em mar aberto, com potência instalada total de 576 MW, e outras 11 torres, com o total de 22 MW no total, em terra.
E no mês passado, a Neoenergia iniciou o licenciamento de três novos projetos para a construção de eólicas offshore no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e também no Ceará. Juntos, somam 9 GW de capacidade instalada em 600 aerogeradores – maiores projetos em planejamento no país.
Primeira solar flutuante de São Paulo
Começou a operar, em fase de testes, a primeira usina fotovoltaica flutuante da cidade de São Paulo. Com investimento de R$ 450 mil, o projeto está instalado em uma área de mil m² do reservatório Billings junto à usina elevatória de Pedreira e pretende avaliar a viabilidade da implantação de usinas fotovoltaicas nos reservatórios da capital.
A construção da usina foi feita em parceria com a Sunlution Soluções em Energia, que foi escolhida a partir de uma chamada pública. Se o resultado for positivo, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) abrirá nova chamada pública para implantação de usinas semelhantes nas represas Billings e Guarapiranga.
A Sunlution atuou também para a Chesf, na instalação da solar flutuante de Sobradinho, na Bahia – projeto de P&D que instalou uma usina de 1MW de potência no reservatório da hidrelétrica.
Chegada do B12
Entrou em vigor no domingo (1º) o novo percentual mínimo de biodiesel que deverá ser misturado ao óleo diesel de petróleo, que sobe de 11% (B11) para 12% (B12) – segunda etapa do planejamento para elevar o teor do biocombustível para 15% (B15) em 2023.
No período de transição, os estoques de B11 nos postos ainda poderão ser vendido, mas a introdução do B12 deve elevar a demanda nacional de biodiesel para 6,9 bilhões de litros em 2020, frente aos 5,9 bilhões produzidos em 2019.
A política para o biocombustível deve implicar em um aumento da capacidade de produção brasileira nos próximos anos. Atualmente, os produtores nacionais são capazes de entregar 9 bilhões de litros por ano e, de acordo com projeções da EPE, a demanda deve atingir 9,55 bilhões em 2023, primeiro ano do B15.
A elevação do percentual também ocorre em momento de alta no preço do biocombustível, negociado em leilões, sob regulação da ANP. Na disputa mais recente (L71), o litro do biodiesel foi negociado a R$ 2,912; no leilão anterior (L70), por R$ 2,857 na média nacional – os preços giravam em torno de R$ 2,30 nos leilões anteriores. Folha
Representa o aquecimento do mercado da soja lá fora, com aumento da demanda da China, em meio às disputas comerciais com os EUA.
Mas também a situação da produção no Brasil, com usinas de menor porte tendo dificuldade para competir e até manter suas atividades. Em 2019, 41 usinas de biodiesel entregaram o biocombustível, das mais de 90 autorizadas a operar pela ANP.
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde | E&PBR