ONS: Brasil tem sobras de potência de pelo menos 10,4 GW em 2022

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Estudo realizado para o PEN 2022-2026 aponta que o suprimento não possui riscos com base em cenário de chuvas de 2008, atendimento a Manaus requer atenção a partir de 2025

Maurício Godoi | Agência Canal Energia

O Operador Nacional do Sistema Elétrico estima que há sobras de potência no balanço conjuntural para o período seco de 2022 de mais de 10 GW ao longo dos próximos meses. Tomando como base o cenário de chuvas de 2008, essas sobras vão desde 24 GW em junho a até 10,4 GW como o menor volume, a ser registrado em outubro. Esses números foram apresentados pelo órgão na apresentação do Plano de Operação Energética (PEN) que engloba o período de 2022 a 2026.

O ONS aponta que neste ano há um indicativo de necessidade de despacho térmico adicional ao que o Decomp apresentou nessa simulação começando nos meses de setembro a até novembro. Essa geração é para o atendimento da carga em cenários de baixa geração eólica e solar. As simulações, ressaltou o órgão, utilizaram valores considerados conservadores para a geração das duas fontes.

A análise conjuntural para 2023 feita no PEN 2022 a 2026 indica que o SE/CO poderá fechar o mês de abril acima de 61,5% com 77% de probabilidade estatística. Já acima de 45,4% é visto em todos os cenários que o Operador utilizou no estudo. Com isso, ao final do período seco de 2023, fica acima de 20% que é o nível de referência aplicado para segurança da operação em todos os cenários. “Não há problemas de atendimento ao SIN tanto este ano quanto no ano que vem”, afirma o ONS.

Em um estudo específico sobre o maior submercado do SIN, o Sudeste-Centro Oeste, há perspectiva de chegar a um nível de armazenamento de 37% com base no cenário mais crítico, também com base nos volumes de 2008. “Para todos os cenários analisados, o volume armazenado ao final do período seco é superior ao verificado no ano de 2021”, ressalta o ONS. Em 30 de novembro do ano passado, o índice mais baixo verificado ficou em 19,7% no armazenamento nesse submercado.

Para todo o SIN a previsão mais conservadora, que considera as chuvas de 2008 o nível de armazenamento no país deverá ficar em 42,2%. Já os volumes acumulados com base em um cenário simular ao que foi verificado em 2021 esse volume é mais confortável e pode ficar em 59,6% no dia 31 de dezembro de 2022.

O operador lembra que os dados levam como base a carga projetada na 1ª revisão quadrimestral até 2026 que tem uma previsão de aumento médio anual entre 3,2% e 3,3%.

No período de 2022 a 2026 a previsão é de um aumento do volume de geração distribuída no país de forma mais relevante. Entre as conclusões que o ONS tem para o PEN, está o fato de que o crescimento traz desafios para a operação do sistema. Dentre eles, a necessidade de compensar de forma rápida o efeito de redução da potência desses sistemas ao final do dia. “O crescimento da MMGD tende a deslocar o horário de pico da curva de carga para o período da noite”, destaca.

A análise estrutural feita para o período de 2024 a 2026 aponta que os critérios de potência preconizados pelo CNPE ainda não são totalmente atendidos. Por isso, há recomendação de ações no sentido de restabelecer equilíbrio estrutural em termos de potência. De acordo com o ONS, há violação desses critérios no CvAR a 5% em 2025 e 2026 quando se considera as térmicas que começam a ser desmobilizadas nesse período.

Um outro ponto de atenção no estudo do ONS é para o atendimento à capital amazonense, Manaus. Isso porque com a desmobilização de três térmicas que somam cerca de 320 MW e o aumento de carga projetado no período, essa situação traz um risco de violação do limite de intercâmbio para perda dupla, o que segundo o operador, poderia levar a um risco de blecaute caso haja ocorrência dessa natureza, mais notadamente a partir de abril de 2025, quando as centrais de geração deixam o sistema.

Por isso, reforça o operador, há a necessidade de reforçar medidas para garantir a segurança energética de Manaus. Uma das soluções é o Linhão Manaus-Boa Vista, que deveria estar em operação desde 2015, mas que ainda não está com as obras retomadas. Enquanto essa interligação não é feita, o governo precisa desenvolver soluções que compensem o impacto desse descomissionamento.