Mudanças climáticas e futuro da energia pautam participação do CERNE em simpósio internacional

Em palestra magna, o CEO Darlan Santos abordou os impactos das mudanças climáticas na geração de energia, os desafios da matriz brasileira e as oportunidades em offshore, hidrogênio verde e armazenamento.

O CEO do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), Darlan Santos, foi responsável pela palestra magna do I Simpósio Internacional de Energia e Meteorologia, realizado em Maceió (AL). O tema apresentado foi “Transição e Resiliência Energética”, em um debate que reuniu especialistas nacionais e internacionais sobre os impactos das mudanças climáticas e os caminhos para o futuro da matriz energética brasileira.

Durante sua exposição, Darlan destacou o aumento da frequência de eventos climáticos extremos no Brasil, como enchentes, secas prolongadas, queimadas e ciclones extratropicais, e os reflexos diretos desse cenário sobre o setor elétrico. “Eventos como a redução da velocidade média dos ventos no Rio Grande do Norte, que caiu de 9 m/s para 7,3 m/s em pouco mais de uma década, colocam em xeque a previsibilidade dos recursos e o retorno dos investimentos. A rapidez das mudanças climáticas nos obriga a repensar se as áreas mais produtivas hoje continuarão a ser no futuro”, afirmou.

O executivo também ressaltou que o país vive um paradoxo: apesar do crescimento acelerado das fontes renováveis, como solar e eólica, e do avanço da geração distribuída, há uma expansão preocupante da geração térmica e uma infraestrutura de transmissão que não acompanha a velocidade da nova capacidade instalada. “O Brasil tem energia em excesso e, ao mesmo tempo, preços elevados. Essa contradição levanta uma questão central sobre justiça energética e o acesso da população à eletricidade”, observou.

Darlan chamou atenção ainda para o contexto internacional, lembrando que, apesar da ampliação das fontes limpas, 2024 registrou recorde nas emissões globais de CO₂. “O mundo ainda é movido por carvão, petróleo e gás natural. O desafio é mantermos o avanço das renováveis sem retrocessos, mesmo diante de pressões políticas e econômicas”, disse.

Entre as perspectivas futuras, o CEO do CERNE apontou a energia eólica offshore e o hidrogênio verde como grandes oportunidades para o Brasil. Segundo ele, o litoral setentrional brasileiro reúne condições únicas para a produção do “hidrogênio mais barato do mundo”, capaz de transformar o país em referência global. Ele destacou ainda o papel crescente das tecnologias de armazenamento e a importância da inovação para lidar com as incertezas climáticas.

Encerrando sua fala, Darlan reforçou a necessidade de políticas públicas consistentes, segurança regulatória e investimentos em pesquisa e desenvolvimento para garantir que o Brasil mantenha sua liderança em energia limpa. “Temos as condições naturais e o capital humano necessários para consolidar o país como exemplo mundial em renováveis. O que precisamos é de planejamento e inovação para transformar abundância em segurança e justiça energética”, concluiu.

Em outro momento do simpósio, o CEO do CERNE participou ainda da mesa-redonda “Energia, Sustentabilidade e Políticas Públicas”, mediada por representante da ABEEólica e com a presença de membros da ANEEL e da Volt Robotics, ampliando o debate sobre os caminhos para o fortalecimento da matriz energética brasileira.

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