O brasileiro teve que preparar o bolso ao se deparar com a notícia da cobrança da bandeira tarifária amarela na conta de luz do mês de março. O anúncio, feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), determinou a cobrança extra de R$ 2 a cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos no mês.
A mudança ocorreu depois que a bandeira tarifária estava verde desde dezembro, ou seja, não havia cobrança adicional na conta de energia. Segundo a Aneel, a previsão dos níveis nos reservatórios das hidrelétricas ficou abaixo do esperado para março. A situação levou ao aumento da geração termelétrica como medida para preservar os níveis de armazenamento e garantir o atendimento ao sistema elétrico.
O sistema das bandeiras é aplicado sempre que o custo de geração de energia no país sobe. Isso acontece quando é necessário acionar mais usinas termelétricas, que geram energia mais cara devido ao alto custo associado.
Para ter uma ideia, em 2013 o total de energia produzida pelas hidrelétricas foi de 560.450 MW médios, o que correspondia a 74,02% da energia gerada no país. Em 2015 esse número caiu para 484.464 MW médios (65,66%). No mesmo período, a geração termelétrica aumentou de 187.892 MW médios (24,81%) para 194.568 MW (26,37%), segundo dados do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE).
A matriz energética brasileira hoje depende predominantemente da energia hidrelétrica, além das usinas térmicas. A adoção de fontes alternativas como a eólica e solar podem reduzir a variação no preço da energia provocada pela bandeira tarifária.
Graças ao aumento da geração de energia eólica e o crescimento da participação da fonte na matriz energética nos últimos dez anos, as energias renováveis podem ser o caminho estratégico para garantir a segurança tarifária no país.
Nesse aspecto, o Rio Grande do Norte vem se destacando notoriamente na matriz renovável como polo do setor eólico no Brasil. De acordo o CERNE, o estado é líder nacional no ranking de geração eólica com 3,3 gigawatts de capacidade em 122 parques eólicos instalados e em operação.
Sistema Interligado Nacional
Toda a energia gerada é lançada diretamente no Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável por coordenar e controlar todo o sistema de produção e transmissão de energia elétrica oriunda das diferentes fontes energéticas, possibilitando o suprimento do mercado consumidor brasileiro.
O SIN também assegura um melhor aproveitamento da água nas usinas hidrelétricas e o uso moderado de energia térmica. Esse equilíbrio, aliado a geração alternativa – eólica, solar, biomassa – influencia diretamente na cobrança das bandeiras e no reajuste do preço da conta de luz.
Tarifa
Em 2016, o aumento médio das tarifas de energia elétrica no Rio Grande do Norte foi de 7,73%. Para os clientes residenciais o reajuste chegou a 7,78% e para as indústrias, o aumento foi menor, de 7,61%. Todos os anos, as distribuidoras passam por um processo de reajuste de suas tarifas, que pode levar a aumento ou queda, dependendo do que for apurado pela Aneel.
De acordo com a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) está prevista no mês de abril uma reunião entre a distribuidora e a agência reguladora para iniciar as tratativas sobre reajuste da tarifa no Estado.
Fonte: CERNE Press