Energia eólica offshore começa ser testada pela Petrobras

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O teste analisou o comportamento do sistema flutuante eólico diante das condições ambientais extremas do pré-sal, localizado em profundidades acima de 2 mil metros.

Emmanuela Leite | Redação ClickPB
Link para a matéria: https://www.clickpb.com.br/brasil/energia-eolica-offshore-comeca-ser-testada-pela-petrobras-606725.html

Já usada em diversos outros países, a energia eólica offshore ainda está dando os primeiros passos no Brasil. Nos últimos dias, a Petrobras testou a performance de um modelo de tecnologia eólica offshore inédita no país, para avaliar o desempenho de um sistema eólico flutuante em escala reduzida – composto por um aerogerador apoiado em uma estrutura semissubmersível de quatro colunas – posicionado no tanque do Laboratório de Tecnologia Oceânica da COPPE/UFRJ.

O teste analisou o comportamento do sistema flutuante eólico diante das condições ambientais extremas do pré-sal, localizado em profundidades acima de 2 mil metros. O cenário de aplicação reproduziu as condições ambientais e de mar típicas do pré-sal da Bacia de Santos, onde a tecnologia poderá ser implementada em etapa posterior, se comprovada sua viabilidade técnica e econômica.

Em escala real, a capacidade de cada sistema flutuante será de até 15 MW, o que representa de 10% a 30% da energia elétrica necessária para abastecer uma plataforma do pré-sal.

Em uma aplicação offshore, os pesquisadores analisam o cenário de conexão do equipamento de geração eólica à plataforma ou a um sistema submarino – posicionado em águas profundas – por meio de um cabo elétrico (chamado umbilical elétrico) para prover a energia elétrica de baixo carbono para ativos de produção de petróleo e gás.

Segundo trabalho realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial eólico offshore do Brasil, considerando uma altura de 100 metros e locais com profundidade de até 50 metros, é de 697 GW (EPE, 2020). Para termos uma dimensão desse valor, a matriz elétrica brasileira terminou 2021 com uma potência instalada total de aproximadamente 182 GW (EPE, 2022).

De acordo com a pesquisa, o Brasil ainda não possui qualquer empreendimento eólico offshore em operação, mas o mundo terminou 2021 com uma potência eólica offshore instalada de 57,2 GW, sendo a China com 27,7 GW, o Reino Unido com 12,5 GW, a Alemanha com 7,7 GW e a Holanda com 3 GW os quatro países com maior potência instalada (GWEC, 2022a).

Ainda segundo a pesquisa, o potencial eólico offshore brasileiro se encontra também em estados que hoje não possuem relevância no setor de energia eólica, como os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Atualmente, a Coréia do Sul já é responsável por 2,6% da capacidade de produção mundial de aerogeradores offshore, sendo que praticamente não atua na produção dos aerogeradores onshore.

Parceria com universidades brasileiras

“Unimos forças com a USP e UFRJ, duas das mais importantes universidades brasileiras, para testar uma tecnologia 100% nacional, de eólica offshore, capaz de reduzir as emissões em nossas plataformas do pré-sal. Esse projeto demonstra a importância das parcerias da Petrobras com a academia para impulsionar o movimento de transição energética no país, com grande potencial de deflagrar uma onda de inovação sem precedentes no Brasil”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

“Com os resultados do teste, vamos comparar essa iniciativa com outras opções para descarbonização das operações de exploração e produção da Petrobras, no que diz respeito ao suprimento energético das plataformas. Vamos considerar as melhores alternativas em termos de custos para atender às nossas metas de descarbonização dentro das mais rigorosas condições técnicas, ambientais e de segurança”, frisou o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos.

A eólica offshore é uma das apostas da Petrobras para desenvolver soluções de baixo carbono no horizonte de seu Planejamento Estratégico. “Esse projeto demonstra como a questão da transição energética é transversal na Petrobras e está entre suas prioridades. Trata-se de uma iniciativa que envolve nosso Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) e a nossa área de Exploração e Produção, em nosso principal ambiente de produção, o pré-sal, que trará informações relevantes para a avaliação das oportunidades em eólica offshore” disse o Diretor de Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim.