Produção do combustível fóssil vai continuar aumentando, porém deve começar a gerar excedente no fim da década, causado por diminuição da procura, diz relatório

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A produção de petróleo deve exceder a demanda mundial até 2030, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) em estudo publicado na última quarta-feira (12). China e Índia devem ser a locomotiva do consumo até o fim da década, para suprir o apetite de setores como aviação e petroquímico, no caso chinês, e de transportes, no cenário indiano.

O relatório prevê que a procura global de petróleo, que incluindo os biocombustíveis foi em média cerca de 102 milhões de barris por dia em 2023, estabilizará perto de 106 milhões de barris por dia em 2029. Paralelamente, um aumento na capacidade global de produção, liderado pelos Estados Unidos e outros produtores nas Américas, como o Brasil, deve fazer a oferta ultrapassar a procura até 2030. A agência projeta que a produção beire os 114 milhões de barris por dia até 2030, o que deixaria 8 milhões de barris por dia “sobrando”.

A sinalização mostra uma tendência do mercado global à medida em que avançam alternativas limpas de energia, como a popularização dos veículos elétricos, melhorias na eficiência dos veículos convencionais, diminuição do uso de petróleo para geração de eletricidade no Oriente Médio, informa o relatório Oil 2024.

A diminuição do ritmo de consumo não deve impedir, entretanto, que a produção siga aumentando. Ainda assim, o descompasso entre oferta e demanda deve afetar preços e causar agitação entre produtores menores, como o Brasil, com um mercado mais competitivo e com atuação incisiva de grandes petroestados, como os Estados Unidos.

A China exerce efeito ambíguo na indústria do petróleo. Devido à sua intensa atividade econômica, o gigante asiático ao mesmo tempo faz avançar as soluções renováveis de energia enquanto seus setores carbonointensivos ainda sustentam a fila de pedidos por mais barris de petróleo até o fim da década.

“À medida que a recuperação da pandemia perde força, as transições para energias limpas avançam e a estrutura da economia da China muda, o crescimento da procura global de petróleo está diminuindo e deverá atingir o seu pico em 2030”, afirma o diretor executivo da AIE, Fatih Birol. “As projeções deste relatório, baseadas nos dados mais recentes, mostram um grande excedente de oferta emergente nesta década, sugerindo que as empresas petrolíferas podem querer certificar-se de que as suas estratégias e planos de negócios estão preparados para as mudanças que estão ocorrendo.”

A previsão da agência é de que a procura mundial de petróleo seja 3,2 milhões de barris por dia superior em 2030 do que em 2023, a menos que sejam implementadas medidas políticas mais fortes ou surjam “mudanças de comportamento” na condução da economia mundial.