Como será o primeiro leilão de hidrogênio verde do mundo

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H2Global, da Alemanha, abriu concorrência para contratos de longo prazo de importação de derivados de H2V (amônia, metanol e SAF)

Nayara Machado | Agência EPBR

A Alemanha lançou no final do ano passado o primeiro leilão da política H2Global para contratos de longo prazo de fornecimento de hidrogênio verde (H2V) na forma de derivados: amônia, metanol e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês).

A primeira licitação será para contratos de amônia verde e o prazo para submissão é 7 de fevereiro. Já as submissões para os certames de SAF e metanol vão até 21 de fevereiro.

O leilão é um marco para a economia do hidrogênio verde. Inaugura a política de incentivos alemã para aquisição do energético de fora da Europa – já que os contratos são exclusivos para importação dos derivados de H2V.

É apontado também como uma oportunidade para o Brasil. Embora o país ainda não esteja pronto para participar desta primeira seleção, as empresas aqui estão atentas ao movimento alemão para viabilizar seus projetos nos portos brasileiros.

Como vai funcionar? A Alemanha criou uma empresa, a HINT.CO GmbH (Hintco), para atuar como intermediária e subsidiar a diferença entre os contratos de longo prazo (importação) e os de curto prazo com os compradores europeus (as indústrias que vão adquirir o H2V).

A Hintco conta com um fundo de 900 milhões de euros fornecidos pelo governo para isso.

Para concorrer, as empresas ou consórcios precisam se enquadrar em critérios como experiência na produção de hidrogênio (pode ser fóssil), no fornecimento ou geração de eletricidade renovável, construção e/ou operação de plantas de H2 ou derivados, transporte de substâncias perigosas, entre outros.

Também precisam demonstrar estudos de uso da água – já que a única rota aceita na concorrência é a eletrólise – e impactos sociais.

A energia deverá ser exclusivamente renovável e a produção de amônia precisará reduzir no mínimo 73% as emissões de CO2 equivalente.

São aceitos três tipos de suprimento de eletricidade: geração própria off grid, PPA (power purchase agreement) e descontratado (spot).

Os contratos terão duração de dez anos, com critérios fixos e a primeira entrega em 2024. No caso da amônia, até 2033, são previstas até 20 entregas de lotes de carga por ano, em portos da Alemanha, Bélgica e Países Baixos.

Os preços serão definidos pela soma preço do produto + transporte + logística + impostos ou taxas.

O edital define como preço teto para amônia 1.282 euros/tonelada, considerando 952 euros/tonelada o valor médio + 35% de mark up (diferença entre o custo do produto e seu preço de venda).

“O fato de o Brasil se situar mais distante da União Europeia que alguns potenciais competidores implica em desvantagem competitiva, relativa ao maior custo com navegação”, analisa Thereza Aquino, professora da UFRJ e especialista do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel).

Nesta segunda (16/1), o Gesel e a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha (AHK Rio) apresentaram algumas simulações sobre a licitação.

Pelos cálculos do grupo, com os valores fixados no edital, a licitação deve render cerca de 125 mil toneladas/ano de amônia verde, demandando mais de 25,1 mil toneladas de H2V/ano e 167 MW de eletrólise.