Julia Possa | Giz_Br
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A América Latina está prestes a se tornar o líder global em energia limpa, com o Brasil em primeiro lugar. É o que mostra o relatório da organização GEM (Global Energy Monitor).
Segundo o levantamento, a região tem quase 1 bilhão de painéis solares em projetos de grande escala programados para começar a funcionar até 2030.
São mais de 319 GW (gigawatts) em projetos de energia solar e eólica. Isso equivale a quase 70% da capacidade elétrica de todas as fontes combinadas que hoje abastecem os latino-americanos, um aumento de mais de 460%.
Brasil na liderança
Entre os cinco países com mais capacidade programada para entrar em operação até 2030, o Brasil dispara na frente.
1. Brasil (217 GW)
2. Chile (38 GW)
3. Colômbia (37 GW)
4. Peru (10 GW)
5. México (7 GW)
Os cinco países com mais plantas de energia solar e eólica em grande escala que há estão em operação são:
1. Brasil (27 GW)
2. México (20 GW)
3. Chile (10 GW)
4. Argentina (5 GW)
5. Uruguai (2 GW)
A raiz do boom de energia limpa no Brasil está na resolução normativa (REN 482) da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) que, em 2012, permitiu aos cidadãos gerar sua própria energia, em especial através de painéis fotovoltaicos.
Como estão os outros países
O Chile, um conhecido importador de combustíveis fósseis, se destaca no relatório: 37% da capacidade total de eletricidade instalada do país já vem da energia solar e eólica. Já a Colômbia tem 37 GW de energia limpa programada para entrar em operação até 2030.
O México, por outro lado, ganhou um selo de preocupação. A segunda maior economia da América Latina, só atrás do Brasil, foi uma das primeiras a adotar a energia renovável e abriga os maiores projetos solares e eólicos da região. Mas o progresso caiu desde as reformas energéticas de 2021.
Isso porque o presidente Andrés Manuel Lopez Obrador é um dos defensores dos combustíveis fósseis para revitalizar a petroleira estatal Pemex – um dos pilares de seu governo.
“O México está parado”, diz o relatório. “Mesmo que todos os projetos em perspectiva fossem colocados em operação, o país atingiria apenas aproximadamente 70% de sua promessa de trazer 40 gigawatts de energia solar e eólica até 2030”.
Mesmo assim, a América Latina tem um grande potencial para se destacar como produtora de energia eólica offshore, além de enviar eletricidade excedente para outros países ou usar a energia renovável para produzir hidrogênio verde para exportação – uma porta aberta para impulsionar a economia regional.
Tem espaço – e interesse – no mercado: as energias renováveis devem superar o carvão e se tornar a maior fonte de geração global de eletricidade até o início de 2025, segundo a Agência Internacional de Energia.
“A América do Norte, Europa e China, que são os maiores consumidores de energia do mundo, precisam seguir o exemplo da América Latina”, afirmou O’Malia. “O resto do globo não está fazendo sua parte”.