Brasil Equatorial acelera transformação digital com energia limpa e datacenters de alta performance

Missão empresarial do CERNE, em Natal, reúne líderes do setor para impulsionar polo tecnológico sustentável na América Latina, unindo inovação, energia renovável e conectividade.

Em um momento de expansão da economia digital e da necessidade de soluções energéticas limpas, o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) realizou, em Natal, no Rio Grande do Norte, uma missão empresarial voltada a executivos, técnicos, investidores e empreendedores do setor de datacenters. O encontro teve como objetivo avançar no diálogo sobre a instalação de infraestrutura digital de alto desempenho conectada a uma matriz energética firme, limpa e resiliente.

A ação integra a agenda da Comissão Executiva de Energia para Datacenters e Inteligência Artificial, criada pelo CERNE para articular parcerias entre operadoras, investidores, governos, universidades e sociedade civil. A meta é consolidar o Brasil Equatorial como um polo digital sustentável e competitivo na América Latina, aproveitando seu excedente de energia renovável.

Em estudo realizado pelo CERNE, foram identificadas áreas prioritárias da região: Fortaleza, no Ceará, como principal hub de cabos submarinos no Brasil; infraestrutura robusta; e presença de datacenters Tier III e IV. Mossoró e Serra do Mel, RN, com ampla geração de energia renovável; terras de baixo custo e clima seco. Parnaíba e Paulistana, Piauí, com alto potencial eólico e solar; sinergias com projetos de hidrogênio verde. Caicó, Currais Novos e Apodi, RN, com condições climáticas ideais e disponibilidade hídrica. Além de Macaíba e São Gonçalo do Amarante, RN, que tem proximidade com universidades e centros P&D. 

Durante a reunião, o chairman do CERNE, Jean Paul Prates, ressaltou o potencial estratégico do Brasil Equatorial. Para ele, a região, que nos últimos 15 anos se firmou como um dos maiores polos de geração de energia renovável do mundo, está pronto para receber novos consumidores globais de energia limpa. “Chegou o momento de conectar essa energia abundante a novos usos. Não apenas continuar exportando megawatts, mas atrair para cá os grandes consumidores globais de energia limpa, como datacenters, indústrias verdes, plantas de hidrogênio renovável e centros de inovação.” 

Para o CEO do CERNE, Darlan Santos, o Brasil Equatorial reúne condições naturais e estruturais únicas para esse tipo de investimento: “Todos esses segmentos precisam exatamente do que temos a oferecer: energia firme e verde, clima seco, baixo risco climático, terras disponíveis, conectividade digital crescente e mão de obra qualificada em formação.”

Presidida por Guto Barreto, a Comissão Executiva de Energia para Datacenters e Inteligência Artificial tem como missão unir esforços para transformar o potencial energético da região em realidade digital de baixo carbono. Barreto destacou que, em um cenário global em que clientes exigem soluções mais responsáveis, as empresas de tecnologia da informação e inteligência artificial buscam cada vez mais regiões abastecidas por fontes limpas.

A TIVIT/Takoda, uma das maiores construtoras de datacenters do país, também esteve representada. Carlos Xavier, Chief Sales Officer da empresa, explicou que fatores como a disponibilidade de água e o clima não representam entraves para o setor no Nordeste, já que o uso de água para resfriamento é feito em circuito fechado, sem desperdício, e as temperaturas mais elevadas são compensadas por sistemas de climatização alimentados por energia renovável.

Durante o encontro, especialistas discutiram oportunidades, desafios e modelos de consumo de energia, como autoprodução, mercado livre e contratos de PPA, além de debater sinergias entre políticas públicas, investidores e operadores. Foram apresentados estudos sobre o conceito de Brasil Equatorial e geração de energia, projetos de grande e pequeno porte em renováveis, além de análises de infraestrutura regional e excedentes de energia.

Em cooperação com o CERNE, o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) apresentou uma ferramenta digital em desenvolvimento para mapear, de forma georreferenciada, áreas prioritárias para a implantação de datacenters no Rio Grande do Norte e no Nordeste do Brasil. “A ferramenta permitirá mapear áreas ideais para novos investimentos, com base em múltiplos critérios, tornando o processo mais assertivo”, explicou Raniere Rodrigues de Lima, representante do ISI-ER. 

A programação continuou com uma visita técnica ao ISI-ER, onde os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as instalações, as linhas de pesquisa e os projetos que fortalecem a capacidade da região de desenvolver soluções digitais em sintonia com a transição energética.

Para finalizar, foi feita uma visita ao Complexo Eólico Gameleira, gerenciado pela CPFL Energia, e também uma visita técnica às instalações do PAX – Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo.

Demanda em alta no Brasil 

Dados do Ministério de Minas e Energia (MME) mostraram que a demanda por energia elétrica para conexão de data centers aumentou significativamente no Brasil. Até junho deste ano, o MME registrou 52 pedidos de acesso à Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os pedidos estão distribuídos entre Ceará, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Os primeiros registros começaram em 2020. Até maio de 2023, eram 12 projetos no MME. Em pouco mais de um ano, o número aumentou 330%, indicando o avanço da infraestrutura digital e a necessidade de garantir fornecimento energético seguro, estável e cada vez mais sustentável.

Segundo informações repassadas pelos consumidores, a demanda máxima projetada pode chegar a 13,2 GW até 2035, caso todos os pedidos tenham parecer favorável do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Tags:

Compartilhe: