O setor de energia solar no Rio Grande de Norte espera um salto com instalação da primeira fábrica de painéis fotovoltaicos e componentes para a indústria de energia solar. Um protocolo de intenções – contendo as condições e atribuições do Estado e do grupo investidor — para a instalação da unidade industrial será assinado pelo governador Robinson Faria e empresários chineses, em Xangai, na China, no dia 22.
O anúncio foi feito ontem pelo secretário de desenvolvimento econômico, Flávio Azevedo, na abertura do 9ª Encontro de Investidores de Energia Solar – Solarinvest 2017, em Natal. Azevedo afirmou que, devido a cláusulas de sigilo, não poderia revelar a identidade do grupo e previsão de investimento.
A fábrica deverá ser uma das âncoras do Parque Tecnológico do Estado, o Potiparky, se instalando em terreno próximo. A estimativa é que gere 320 empregos diretos e desencadeie negócios com fornecedores e em logística necessária à operação no Estado. “A produção irá atender tanto a geração compartilhada [mini e microgeração] como a centralizada [usinas grandes] inicialmente do Nordeste do Brasil, mas também exportar para a América do Sul e Caribe”, disse Flávio Azevedo.
O grupo chinês tem unidades na Alemanha, na Índia e nos Estados Unidos. “A fábrica aqui vai produzir o ciclo completo de placas fotovoltaicas e equipamentos de energia solar, com inversores, transformadores que precisam se adequar as condições locais, semelhante ao que aconteceu com a eólica e os primeiros geradores”, diz Azevedo.
Embora ressalte ser cedo para avaliar o impacto na cadeia produtiva e na economia da região, uma vez que se trata de um termo de intenções, o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), Rodrigo Sauaia, destacou a importância da atração de fábricas de grande porte, sobretudo no Nordeste, que abriga parcela significativa dos projetos. Hoje, no Brasil, há cerca de 20 indústrias que fabricam equipamentos fotovoltaicos. A chinesa deverá ser a primeira de fabricação de inversores e materiais elétricos do Nordeste, diz Sauaia.
O presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, afirma que a produção se destina a cobrir a demanda da região, mercados que vão desde o Sul de Pernambuco ao Piauí, onde há desde montadoras de painéis solares a startups e a partir daí iniciar novo ciclo de exportações.
O Rio Grande do Norte é o sexto maior gerador de energia solar centralizada, em projetos contratados de usinas de grande porte para entrar em operação até o final do ano que vem, no ranking nacional, com um portfólio de 206,8 Megawatts (MW), segundo a Absolar. “Os projetos entrarão em operação a partir de 2017 e 2018”, diz Sauaia.
Em relação a geração distribuída (sistemas de micro e minigeração) o Estado tem menor participação, ocupando a 12ª posição no ranking nacional.
A Absolar defende políticas estaduais, com um programa de incentivos para instalação em comércios, indústrias e nas repartições do Governo e órgãos públicos como medida de eficiência energética e mitigar os custos.
Além disso, diz que, nacionalmente, é preciso firmar um cronograma de leilões para contratação de projetos e dar condições, como a ampliação da infraestrutura de linhas de transmissão e também ampliação da oferta de crédito. “Esta semana, discutiremos com a EPE medidas para contratação de energia solar, com regularidade dos leilões e retomada do 2º leilão de Energia reserva de 2016 neste semestre”, afirma. Mais de 10% do portfólio de projetos inscritos para o leilão, que seria em dezembro mas foi cancelado pelo Governo Federal, eram no RN.
Prates, do Cerne, ressalta que o arcabouço legal com sistema de compensação na conta de quem gera a própria energia e disponibiliza o excedente no sistema nacional levou, só no último ano, a um crescimento de 300% no número de sistemas instalados em residências e estabelecimentos comerciais e indústria em todo o país.
Fonte: Tribuna do Norte | Sara Vasconcelos