Por posição geográfica, RN atrai empresas de energia eólica e descentraliza investimentos no estado

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Atualmente, são 194 parques eólicos no estado, tendo as 14 principais empresas do mundo instaladas em território potiguar.

Hugo Andrade | G1 RN

Foi uma vocação natural que mudou a paisagem da Região da Costa Branca potiguar, onde os aerogeradores de energia eólica estão por toda parte. Em Areia Branca todos os caminhos levam aos parques eólicos. O responsável por tudo isso? O vento constante que ajuda a girar a economia potiguar.

“O que o Rio Grande do Norte tem é uma privilegiada posição geográfica, na quina do continente, onde há uma confluência dos ventos alísios, que tendem a se alinhar com a linha do equador. Essa proximidade e essa localização, dão ao RN uma posição ideal, banhado por esses ventos com uma intensidade e qualidade ideal para produção de energia eólica. Essa característica é conhecida em todo mundo com a qualidade do vento invejável”, explicou Darlan Santos, que é diretor presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne).

O RN, assim, reúne condições perfeitas para atrair investimentos. São 194 parques eólicos espalhados por todo estado. Do litoral à Região Central, é possível encontrar torres produtoras de energia a partir do vento.

“O que a energia eólica pode trazer para o estado é a descentralização dos investimentos. Nós temos hoje uma cidade como João Câmara, que se tornou o centro de operação e manutenção de energia eólica. Temos Guamaré, Mossoró em posição privilegiada”, disse Darlan Santos.

Já são mais de dez anos desde que a energia eólica se transformou numa realidade no Rio Grande do Norte. Atualmente, as 14 maiores empresas do setor no mundo estão instaladas no estado. O resultado disso é a autossuficiência na produção. O RN produz, somente com energia eólica, quatro vezes mais do que precisa para abastecer o estado inteiro com outras matrizes energéticas.

“A gente já é um grande exportador. Se todo o nosso consumo é 1 giga, e nós produzimos 4,6, a gente exporta esse excesso todo para outros estados”, ressaltou o secretário de desenvolvimento econômico do RN, Jaime Calado.

“O RN é o maior produtor de energia eólica em terra. Aqui em terra, nós temos os 194 parques funcionando, cada um de 20 a 50 aerogeradores. Os mais recentes geram 4,2 giga. Uma revolução que aumenta essa produção”.

Esse cenário atrai grandes empresas. A partir de um centro de operações instalado recentemente em Mossoró, uma multinacional francesa, por exemplo, monitora a produção de energia eólica em 27 países. Estima-se que somente no RN sejam 1,4 mil empregos criados. A descentralização das operações beneficia diretamente os municípios potiguares que abrigam os parques eólicos.

“Proporcionalmente, Mossoró é o município que mais arrecada nisso. Porque no momento da construção das torres, é a construção civil que atua. A construção paga ISS diretamente ao município”, falou o secretário de desenvolvimento econômico do RN, Jaime Calado.

“Quando você olha para o estado e vê essa geração de energia eólica e solar, eu quero dizer que todos os estudos feitos no mundo que o número de emprego de energias renováveis geram três vezes mais emprego que as energias tradicionais, que elas vão se industrializando e vão reduzindo o número de empregos”.

Com essa geração de empregos, a mão-de-obra especializada é muito importante, segundo o presidente da Cerne.

“Mesmo diante de novas empresas chegando, outras partes podem abrir cursos nessa área de energias renováveis. As empresas de petróleo do mundo estão abrindo braços de energias renováveis, como a Shell e outras. Então, é aproveitar essa expertise e capacitação de mão-de-obra, que pode ser aproveitada rapidamente para atuar, diversificando a cidade e município para atuar nessas duas áreas”, falou Darlan Santos.

Atualmente, as energias renováveis aparecem como fontes complementares capazes de diversificar a matriz elétrica brasileira, trazendo segurança para o país, e até ajudando no preço que é pago na conta de luz. A tendência mundial é que cada vez mais a energia limpa seja incentivada.