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Indústria eólica global cresce 50% em 2023 e atinge 117 GW em nova capacidade

Brasil enfrenta desafios com baixo número de novos contratos e taxas de juros ainda elevadas

Robson Rodrigues / Valor Econômico
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/04/16/industria-eolica-global-cresce-50percent-em-2023-e-atinge-117-gw-em-nova-capacidade.ghtml

Em 2023, a indústria eólica global alcançou um marco histórico, instalando um recorde de 117 gigawatts (GW) em nova capacidade, aumento de 50% em relação ao ano anterior, segundo um relatório divulgado pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).

Denominado Global Wind Report 2024, o documento traça um mapa da indústria eólica no mundo e aponta que o feito marca o início de uma era de crescimento acelerado, impulsionado pelo objetivo estabelecido durante a COP28 de triplicar as energias renováveis até 2030 para atender as metas do Acordo de Paris de manter o aquecimento global limitado a 1,5 graus em relação aos níveis pré-industriais.

O GWEC elevou sua previsão de crescimento para o período de 2024-2030 (1.210 GW) em 10%, em resposta à implementação de políticas industriais nacionais nas principais economias. Este crescimento deve ser impulsionado pelo crescimento da energia eólica em alto-mar (offshore) e promete expansão nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

A China liderou as novas instalações comissionadas, contribuindo com 65% do total, adicionando 75 GW de nova capacidade. Esse crescimento impulsionou um ano recorde para a região Ásia-Pacífico, com um aumento anual de 106%. A América Latina também registrou um crescimento notável, com um aumento de 21%, destacado pelas novas instalações no Brasil, que totalizaram 4,8 GW, classificando-o como o terceiro maior mercado globalmente.

A diretora de políticas Brasil do GWEC, Roberta Cox, frisa que os mais recentes dados do setor eólico divulgados no relatório mostram, mais uma vez, o protagonismo do Brasil como um dos principais mercados eólicos no mundo. “O país vem batendo recordes sequenciais e se firmando não só como um dos principais mercados da região do Sul global, mas também um dos mais promissores a nível global”, afirma.

Apesar do notável crescimento, as fabricantes do setor eólico enfrentam cenários distintos no Brasil e no mundo. Ao passo que há uma alta demanda global por equipamentos, no mercado doméstico a preocupação reside no baixo número de novos contratos e nas taxas de juros ainda consideravelmente elevadas.

O resultado direto disso é que as empresas fornecedoras de equipamento estão deixando o Brasil ou paralisando a produção momentaneamente. É o caso da americana GE Renewable Energy que, em 2023, anunciou a suspensão da produção de novas turbinas eólicas no Brasil. Em 2023, a Siemens Gamesa hibernou as operações de sua fábrica em Camaçari, na Bahia, para ajustar sua estrutura produtiva e atender às demandas atuais do mercado.

Em março, a WEG decidiu paralisar temporariamente a linha de produção de aerogeradores em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, a partir do segundo semestre de 2024 e a Nordex reduziu a produção no Brasil em resposta à baixa demanda de contratos no mercado interno.

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