Eólicas offshore precisam de um marco regulatório; “sem isso, os investidores não vão vir”

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Embaixador da Dinamarca no Brasil, Nicolai Prytz, fala de oportunidades de investimentos no Brasil e que políticas ambientais serão critério para entrada do Brasil na OCDE

E&PBr | Gabriel Chiappini

O embaixador da Dinamarca no Brasil, Nicolai Prytz, defendeu, em entrevista à agência epbr, a construção de um marco regulatório das eólicas offshore que dialogue com os interessados e traga maior certeza aos investidores.

Dinamarca e Brasil assinaram no fim do ano passado um memorando de entendimento para cooperação no desenvolvimento da eólica offshore e transição energética. O país nórdico é pioneiro na geração de energia proveniente do vento em alto mar.

“Seria prudente em algum momento consultar as empresas e investidores. O marco regulatório no final das contas tem que ser interessante para os investidores”, diz.

“Tem que conversar com os investidores lá fora para ver quais são as condições básicas. Tem que ser transparente, ter segurança jurídica, e tem que ter retorno”.

Marco para eólica offshore no Senado

O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou um decreto no fim de janeiro. O Congresso Nacional também discute o tema – o principal PL foi proposto por Jean Paul Prates (PT/RN) e é relatado pelo líder do PL, Carlos Portinho (RJ), no Senado.

O decreto prevê um rito para contratação das áreas offshore para geração de energia, mas agentes do mercado entendem que ainda há lacunas na regulação. Sem falar, na possibilidade de o marco ser alterado pelos parlamentares.

“Estamos aqui para compartilhar nossas experiências”, Prytz. “Tem condições super interessantes no Brasil. Teve o decreto, mas tem que detalhar ainda mais (…) O que falta é marco regulatório, porque sem isso os investidores não vão vir. É o que está trabalhando o governo… sei que o MME está dando prioridade”.

Diversificação de fontes no planejamento energético

O acordo entre os países também prevê a troca de informações sobre planejamento energético.

Para ele, a aposta nas eólicas offshore seria essencial para diversificar a matriz elétrica brasileira que, apesar de limpa, ainda é muito concentrada na geração hidrelétrica, sensível à crise hídrica, como a observada no ano passado.

“O Brasil, o governo e as autoridades estão prontos para apostar em energia eólica offshore (…) Do lado brasileiro, a demanda não é necessariamente uma matriz energética mais limpa, eu acredito que vocês já têm isso. Acredito que o Brasil é um exemplo para todo o mundo, tendo o apenas o desafio da diversificação”, explica.

Recentemente, o governo começou a limitar o despacho termoelétrico, mais caro, mas tem poupado os reservatórios para atravessar o período seco de 2022.

“O Brasil vem diversificando pouco a pouco a matriz elétrica, mas o ano passado mostrou que ainda tem caminho para percorrer. Estava a ponto de uma nova crise energética”.