Em crise energética, Reino Unido inaugura maior usina eólica marítima do mundo

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Jonah Fisher | BBC News Brasil

A maior usina de energia eólica do mundo em alto mar entrou em operação plena no mar do Norte, a quase 90km da costa da Inglaterra, e pode dar um pequeno alívio para a grave crise energética que o país enfrenta.

O projeto batizado de Hornsea 2 pode gerar energia elétrica suficiente para abastecer cerca de 1,3 milhão de residências.

Uma década atrás, fontes de energia renovável representavam 11% de toda energia gerada no Reino Unido. Em 2021, a energia renovável já era 40% do total, com a maior parte sendo eólica.

Mas o Reino Unido ainda é muito dependente de importações de gás natural, cujo preço no mercado internacional explodiu com a guerra na Ucrânia. Por isso, no inverno deste ano, o preço do gás e da eletricidade para as famílias será três vezes maior do que foi no inverno anterior.

O megaprojeto eólico, no entanto, não começou agora. Ele faz parte de uma fazenda eólica gigante em desenvolvimento pela empresa energética Orsted e levou cinco anos para ficar pronto.

O Hornsea 2 tirou o título de “maior do mundo” de seu vizinho Hornsea 1 e cobre uma área de 465km² (quase ao tamanho da cidade de Porto Alegre). Mas deve perder a liderança em breve para outros projetos em construção no mar do Norte.

Cada uma das 165 turbinas do Hornsea 2 tem cerca de 200m de altura em relação ao nível do mar e hélices que medem 81m.

Segundo Patrick Harnett, diretor do projeto, cada rotação leva seis segundos e gera energia suficiente para abastecer uma residência ao longo de um dia.

Ao longo da última década, o tamanho das fazendas eólicas e das turbinas têm crescido a ponto de derrubar o custo da energia gerada por esses projetos.

Atualmente, o custo da energia gera por gás natural é nove vezes maior do que o da energia eólica, afirma Simon Evans, do Carbon Brief, portal que monitora o mercado de energia renovável.

Em julho deste ano, o Reino Unido fez um leilão para a construção de projetos com potencial de gerar 11 gigawatts de energia renovável, o suficiente para abastecer 12 milhões de residências.

Essa medida faz parte da meta do governo britânico de zerar as emissões de gás carbono ligadas à geração de energia até 2050, promovendo uma espécie de “descarbonização” do sistema elétrico até 2035 (redução drástica da geração por combustíveis fósseis, como gás natural e carvão mineral).

A crise energética global, impulsionada com a invasão da Ucrânia pela Rússia, intensificou a busca por fontes de energia alternativas ao gás natural. Afinal, cerca de 40% do gás natural importado pela Europa vem da Rússia, dependência que aumentou a preocupação dos governos no atual cenário de guerra.

Mas não há soluções fáceis nem rápidas.

Projetos de geração de energia eólica em alto mar, por exemplo, levam cerca de cinco anos da autorização dos órgãos públicos à plena operação. Mas há aqueles que dizem que todos esses processos e decisões deveriam ser acelerados dada a dimensão da crise.

“A geração de energia eólica em terra é tradicionalmente a forma mais barata de energia, e é possível colocar projetos de pé em um ano”, afirmou Melanie Onn, da entidade Renewable UK, em entrevista à BBC.

“Mas não estamos fazendo isso no momento porque os processos atuais permitem que uma pessoa sozinha possa barrar uma fazenda de energia (judicialmente). Então, o governo precisa agir e priorizar a questão energética.”