Estudo foi apresentado nesta segunda-feira durante evento em Paris
Rafael Balago / Portal Exame
Os investimentos globais para conter as mudanças climáticas devem demandar entre US$ 100 trilhões e US$ 150 trilhões de dólares nas próximas três décadas. Deste montante, até US$ 3 trilhões podem ser direcionados ao Brasil, aponta um estudo do BCG (Boston Consulting Group).
O levantamento foi apresentado nesta segunda-feira, 27, durante o Brazil Climate Summit Europe, em Paris. O evento busca atrair investimentos verdes ao país, e é realizado pela primeira vez na Europa.
“O Brasil tem potencial para se tornar um centro global de soluções climáticas, com oportunidades de investimento estimadas entre US$ 2 trilhões e US$ 3 trilhões, especialmente em setores como energia renovável, agricultura sustentável e produtos industriais verdes”, diz Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.
Como comparação, o PIB do Brasil em 2023 foi de US$ 2,17 trilhões de dólares. Ou seja: o volume de investimentos poderia representar tudo o que a economia brasileira produz em um ano.
“Estamos vendo progresso na atração de investimentos internacionais e soluções inovadoras de ‘blended finance’, mas o Brasil ainda precisa aumentar muito a participação do investimento do setor privado para atingir a neutralidade de carbono”, prossegue Ramos.
Outra razão de otimismo, segundo ele, são as atuações do Brasil como presidente temporário do G20, neste ano, e como sede da COP30, em 2025.
Os gastos estimados em mais de US$ 100 trilhões se referem à gastos para adoção de energia renovável, biomassa e biocombustíveis, fim do desmatamento, agricultura sustentável, compensação de carbono, eletrificação e hidrogênio verde, entre outros.
Para chegar aos valores potenciais de investimento, foram analisados o tamanho das reduções necessárias de emissões para atingir as metas de cada país, e os caminhos para isso. Por exemplo: para reduzir emissões com transporte, será preciso adotar combustíveis menos poluentes. O estudo estão estima quanto será necessário investir para que esta transição aconteça.
“Mais ou menos 50% das nossas emissões, historicamente, vem de perda de florestas. Então temos bastante investimento a ser feito nessa área mas, proporcionalmente, o investimento é muito menor do que o ganho que você tem em [redução] de emissões”, aponta Ricardo Pierozzi, sócio e diretor executivo do BCG.
Pierozzi aponta ainda que o Brasil pode ter vantagens ao se posicionar como um exportador de energia limpa. No entanto, o país ainda precisa resolver entraves. “Vejo muito interesse de investidores estrangeiros, mas também preocupações. ‘Como eu destravo isso?’. ‘Como eu garanto que o meu investimento vai funcionar?’. Isso passa por garantir segurança jurídica, regulamentar mercados de carbono e garantir estímulo para algumas indústrias e tecnologias”, aponta.