Bioeconomia pode adicionar US$ 284 bi à indústria brasileira até 2050

Share on facebook
Share on google
Share on twitter
Share on linkedin

Trajetória depende, no entanto, de avanços na coordenação de políticas públicas, regulação do mercado de carbono e financiamento

Nayara Machado | Agência EPBR

Estudo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) identificou um potencial de US$ 284 bilhões/ano no faturamento industrial brasileiro até 2050 com a total implementação da bioeconomia na produção nacional.

Essa trajetória depende, no entanto, de pelo menos três movimentos políticos: coordenação de políticas públicas, regulação do mercado de carbono e financiamento.

Para a ABBI, o Brasil precisa consolidar uma “estratégia nacional de bioeconomia”, que considere as particularidades e vantagens competitivas regionais, as ambições climáticas e promova interação entre os diferentes setores econômicos.

A ideia é fomentar a oferta sustentável de biomassa e a instalação de biorrefinarias para produção de biocombustíveis — como diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) — além de bioprodutos de maior valor agregado, a exemplo do plástico verde.

O relatório traça três cenários para o Brasil até 2050, partindo das políticas atuais até um horizonte mais ambicioso.

A associação estima que o Brasil poderia exportar 8,2 milhões de toneladas de bioquímicos e 159 bilhões de litros de biocombustíveis, gerando receitas brutas de cerca de US$ 392 bilhões em 2050, inserindo tecnologias promissoras de biorrenováveis dentro das cadeias produtivas — no cenário Potencial da Bioeconomia.

O montante é US$ 147 bilhões superior ao observado no cenário Abaixo de 2°C e US$ 284 bilhões superior em relação ao cenário Políticas Correntes.

Além de uma estratégia nacional, alcançar esse potencial vai demandar altos investimentos. É aí que entram os mercados de carbono e políticas de financiamento.

“Muitas das tecnologias e dos bioprodutos necessários para o avanço da bioeconomia ainda não são competitivos em relação aos seus substitutos fósseis e necessitam de políticas e regulações que valorizem os seus benefícios ambientais”, explica o documento.

“Políticas públicas e financiamento que permitam o compartilhamento de riscos da inovação são essenciais. A bioeconomia se baseia no avanço de tecnologias com diferentes graus de maturidade, que dependem de investimentos públicos e privados de longo prazo, compartilhamento de riscos e direcionamento para os setores-chave bioeconomia”, completa.

O estudo também dá a solução para uma equação há muito usada como desculpa para colocar economia e meio ambiente como oponentes.

“A bioeconomia é capaz de desvincular aumento da produção e crescimento econômico do aumento das emissões. Na verdade, ela inverte a relação”, dizem os autores.

No cenário mais ambicioso, a maior parte da redução de emissões alcançadas no segmento vem da recuperação de cerca de 6 milhões de hectares de pastagens e da produção de biocombustíveis associados à captura e estocagem de carbono.

Entre os cenários Potencial da Bioeconomia e Abaixo de 2°C há uma redução de quase 550 milhões de toneladas de CO2e acumuladas no período entre 2010 e 2050.