53% dos grandes lagos e reservatórios do mundo encolheram nos últimos 30 anos, mostra estudo

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Pesquisa aponta aquecimento global e uso humano insustentável da água como fatores que geraram cenário preocupante

Rafael Faustino | Um Só Planeta
Link para a matéria: https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2023/05/19/53percent-dos-grandes-lagos-e-reservatorios-do-mundo-encolheram-nos-ultimos-30-anos-mostra-estudo.ghtml

Um novo estudo publicado na revista Science mostra que mais da metade dos grandes lagos e reservatórios de água doce do mundo encolheram desde o início dos anos 1990, principalmente por causa das mudanças climáticas.

Uma equipe de pesquisadores internacionais avaliou quase 2 mil grandes lagos usando imagens de satélite combinadas com modelos climáticos e hidrológicos. Assim, foi possível observar que esses grandes corpos d’água, como o Lago Titicaca, na fronteira entre Bolívia e Peru, e o Mar Cáspio, na Ásia Central, perderam, somados, 22 gigatoneladas de água por ano durante quase três décadas. Cerca de 53% dos lagos apresentando um declínio no volume de água de 1992 a 2020.

Fangfang Yao, um hidrólogo de superfície da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, que liderou o estudo, disse à Reuters que 56% do declínio nos lagos naturais foi impulsionado pelo aquecimento global e pelo consumo humano insustentável, sendo que o aquecimento global responde por “a maior parte disso”.

A descoberta intensifica as preocupações com a disponibilidade da água para agricultura, energia hidrelétrica e consumo humano no futuro.

A pesquisa também sugere novos caminhos para modelos teóricos sobre o desenvolvimento das consequências do aquecimento global. Os cientistas geralmente pensam que as mudanças climáticas tendem a deixar as áreas áridas do mundo ainda mais secas, e as áreas úmidas ainda mais úmidas. No entanto, o estudo descobriu uma perda significativa de água mesmo em regiões úmidas. “Isso não deve ser esquecido”, disse Yao.

Quase 2 bilhões de pessoas, que vivem próximas a esses grandes lagos, podem ser diretamente afetadas em um primeiro momento. Mudanças nos regimes das chuvas, sedimentação e aumento médio das temperaturas são consequências mais imediatas.

Alguns desses lagos são casos amplamente conhecidos pela perda de seu volume de água, como o Mar de Aral, na Ásia Central, o Mar Morto, no Oriente Médio. Ja lagos no Afeganistão, Egito e Mongólia foram atingidos pelo aumento das temperaturas, o que pode aumentar a perda de água para a atmosfera.

Cientistas e ativistas há muito dizem que é necessário evitar o aquecimento das temperaturas médias do mundo para além de 1,5ºC, para assim evitar as consequências mais catastróficas das mudanças climáticas.