Voltalia: “Estamos investindo mais de R$ 1 bilhão adicionais no RN”

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Com pouco mais de 10 anos de atuação no Rio Grande do Norte, a Voltalia já investiu cerca de R$ 2 bilhões na construção de parques eólicos em regiões diversas do Estado, e desembolsará outra monta, estimada em pouco mais de R$ 1 bilhão, na operacionalização de novos empreendimentos eólicos que irão gerar mais 290 megawatts de energia limpa. O Estado tem atraído cada vez mais investimentos da empresa não somente no setor eólico. A energia gerada a partir da incidência dos raios solares, chamada de fotovoltaica, tem se mostrado atraente e deverá ser a “nova menina dos olhos” da Voltalia em solo potiguar.

Apesar dos avanços registrados pela empresa ao longo dos anos, ainda há gargalos como a limitação das linhas de transmissão, imprescindíveis para o escoamento da energia gerada no Estado, para que os investimentos aumentem e novos postos de trabalho sejam gerados. Na entrevista a seguir, Robert Klein, CEO da Voltalia no Brasil, faz um balanço dos valores desembolsados no Rio Grande do Norte e os planos de expansão no Brasil e países vizinhos. Acompanhe:

O RN tem atraído cada vez mais investimentos da Voltalia para construção e operacionalização de parques eólicos. Quanto a empresa já destinou ao Estado e qual o retorno desse investimento?

Identificamos o potencial da região em 2007 quando o setor eólico ainda era incipiente no Brasil. O Rio Grande do Norte é uma região conhecida por suas excepcionais condições de vento e tem sido nosso principal foco. Para ter uma ideia, a Voltalia já construiu mais de 300 MW na região de Serra do Mel e Areia Branca, e 108 MW em São Miguel do Gostoso, que equivale a mais de 1 milhão de residências beneficiadas com energia limpa. O cluster de Serra Branca, localizado na região, ainda temos 1,5GW de possíveis expansões. Até hoje, a Voltalia, em conjunto com seus parceiros, já investiu mais de R$ 2 bilhões no Estado. E atualmente, com a construção dos 290 MW dos projetos Ventos Serra do Mel 1 (VSM 1) e VSM 2, estamos investindo mais de R$ 1 bilhão  adicionais.

Quais são os planos da empresa para o Rio Grande do Norte? Novas áreas estão sendo prospectadas?

Recentemente, a Voltalia adquiriu 83 aerogeradores que serão instalados nas novas usinas Ventos Serra do Mel 1 e 2. Estamos, também, construindo uma linha de transmissão, de 500KV, para conectar o cluster de Serra Branca à rede nacional, que fica a 50 km de distância, localizado no município de Assú. O site (sítio) tem potencial para se tornar um dos maiores de energia eólica do país e até da América Latina e isso, sem dúvida, acarreta desenvolvimento econômico e social para o estado. É importante lembrar que, além da geração de energia limpa e melhoria na economia, a Voltalia, através do subcrédito do BNDES, já destinou cerca de R$ 12 milhões a projetos sociais que proporcionam melhores condições de vida às comunidades da região. Já foram mais de 40 projetos sociais, nas áreas de educação, saúde e desenvolvimento social, no entorno dos parques eólicos, com mais de 100.000 pessoas impactadas direta e indiretamente.

A empresa avalia a possibilidade de expandir a atuação no Estado explorando a energia fotovoltaica? Como se dará esse processo?

O Nordeste brasileiro, em especial o Rio Grande do Norte, é o local ideal para construir um complexo eólico devido à sua topografia e, claro, ao vento. No entanto, a Voltalia também atua de maneira a produzir energia limpa e renovável por meio de outras fontes, tais como: solar, hidrelétrica e biomassa. Um dos motivos de termos adquirido a Martifer Solar em 2016 foi diversificar nosso portfólio e sermos mais atuantes no mercado solar internacional. Assim, além de continuarmos investindo no desenvolvimento de projetos eólicos, iniciamos, há quatro anos, o desenvolvimento de um portfólio significativo de projetos solares, tanto no Rio Grande do Norte como em outros estados do Nordeste do país. Para nós, o Rio Grande do Norte tem a grande vantagem de concentrar um potencial eólico junto com o fotovoltaico. Por exemplo, o nosso Cluster Serra Branca tem os dois potenciais e contamos aproveitar das sinergias das duas fontes (compartilhamento da linha, do O&M, complementariedade da intermitência) nos tornando ainda mais competitivos. O mercado eólico no Brasil continuará tendo uma grande relevância na matriz energética do país por ser uma fonte muito competitiva por cousa das boas condições de vento, assim como sua cadeia de fornecedores bem consolidada, mas é fato que a energia solar está ganhando cada vez mais competitividade no mundo pelos avanços tecnológicos, assim como a redução contínua dos preços dos equipamentos.

O Rio Grande do Norte é hoje o maior produtor de energia eólica do país, mas é um Estado pequeno em termos territoriais. A Voltalia pretende explorar outros Estados nordestinos, quais e por quê?

É verdade que a Voltalia está hoje muito concentrada no Rio Grande do Norte devido aos trabalhos conduzidos desde 2007. Vamos continuar investindo, pois, o nosso potencial no Estado continua muito grande. Mas além disto, já desenvolvemos um portfólio significativo em outros estados do Nordeste como Bahia e Pernambuco e estamos sempre avaliando novas oportunidades de negócios no Brasil. O país é um mercado chave para Voltalia e somos confiantes no forte crescimento da energia renovável no país devido à riqueza das suas fontes e as suas necessidades de energia cada vez mais limpas.

O que é necessário para o Rio Grande do Norte expandir ainda mais o potencial de geração de energia solar? Quais são os gargalos mais comuns na atualidade às empresas do setor?

Tanto para energia eólica como para solar, o maior gargalo do Rio Grande do Norte e de outros Estados do Nordeste é a capacidade limitada da transmissão, mas que está sendo resolvida aos poucos. Para realizar uma análise precisamos dividir as duas modalidades de geração solar fotovoltaica: Geração Centralizada (grandes usinas) / Geração Distribuída (usinas até 5 MW). Para Geração Centralizada, é fundamental o apoio do governo no licenciamento de grandes usinas (ambiental e operacional) e, principalmente, o reforço na infraestrutura elétrica para escoamento da energia gerada (subestações e linhas de transmissão). No âmbito federal, é importante dar continuidade aos leilões anuais e assim consolidar este mercado no país, tornando a energia solar cada vez mais competitiva e a matriz energética cada vez mais limpa. Já na Geração Distribuída, é prioritário que o estado conceda, similar ao que o estado de Minas Gerais realizou, a extensão da isenção da cobrança do ICMS sobre a energia gerada em usinas maiores que 1 MW. Lembrando que, pela resolução ANEEL 482/2012 e a revisão 687/2015, é considerada geração distribuída usinas de até 5 MW de potência. Por serem de mais rápida construção que as usinas de geração centralizada, estas usinas de 5 MW podem fazer com que o estado consiga aproveitar quase que em sua totalidade o potencial que possui de geração de energia através do sol. Hoje, são mais de 20 mil sistemas fotovoltaicos em operação no Brasil, segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) e o Rio Grande do Norte é o sexto estado brasileiro em potência instalada de energia solar, segundo dados da ANEEL (128,96 MW).

O senhor acredita que o custo da energia elétrica no país tende a recuar com a expansão da exploração da energia solar? Quando poderemos sentir essa diferença?

Na medida em que mais parques eólicos e solares entram operação, aumenta a capacidade de fornecimento de energia barata. Como consequência, o reflexo sobre o preço para o consumidor final acontecerá. Isto é uma realidade no mercado livre, no qual muitas indústrias escolheram comprar diretamente de fontes renováveis, se tornando mais competitivas e mais limpas.

O ano de 2019 será de retomada do crescimento econômico no Brasil, do seu ponto de vista? Por quais motivos?

A retomada do crescimento econômico no Brasil vai depender bastante do sucesso das reformas previstas pelo governo. Acreditamos, contudo, que as energias renováveis desempenham um papel fundamental no crescimento econômico do Brasil, pois são fontes de empregos e de desenvolvimento da cadeia de fornecedores, além de beneficiar economicamente e socialmente os Estados do Nordeste, que precisam desta impulsão. Tudo isto fornecendo energia barata, necessária ao crescimento do país, e limpa, para que este mesmo crescimento seja também sustentável.

Fonte: Ricardo Araújo | Tribuna do Norte