Sem ter como escoar energia, RN, BA e RS ficam fora de leilão

Share on facebook
Share on google
Share on twitter
Share on linkedin

O Rio Grande do Norte, líder na geração de energia eólica no país, ficará de fora do 2º Leilão de Energia de Reserva de 2016. Uma nota técnica divulgada ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Operador Nacional do Sistema  (ONS) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) classifica como “nula” a capacidade remanescente para escoamento de energia elétrica no RN e nos estados da Bahia e Rio Grande do Sul. Ou seja, não há margem para novas conexões no sistema integrado nacional (SIN).

A decisão, segundo analistas do setor, acende o alerta para  a urgência de um plano nacional de investimentos para expansão das linhas de transmissão de energia uma vez que a nota alega atraso ou não realização de obras de linhas de transmissão nesses estados. O leilão, o último de 2016  exclusivo para empreendimentos de geração de energias solar fotovoltaica e eólica – para suprimento da partir de 1º de julho de 2019 – é previsto para o dia 16 de dezembro.

De acordo com a nota técnica 21/2016, o cálculo da capacidade remanescente para escoamento de geração levou em consideração as usinas em operação comercial e a expansão da configuração de usinas vencedoras de Leilões precedentes de Energia Nova, de Fontes Alternativas ou de Energia de Reserva do ambiente de contratação regulado – ACR, com entrada em operação comercial no prazo de até seis meses contados a partir do início de suprimento do 2º LER/2016, ou seja, 1º de janeiro de 2020.

“Isto demonstra o quanto é importante termos um planejamento para a transmissão de energia. O RN já provou que tem potencial, passou de importador para exportador de energia, é autossuficiente e pode expandir”, afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Energia do RN (SEERN), Jean-Paul Prates.

Prates esteve reunido na tarde de ontem com a direção da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e da ABSolar para analisar o que muda com a nota técnica, quantos projetos estão abrigados, quem poderá ou não concorrer. “Ainda estamos avaliando o que fazer. Porque se havia antes uma sinalização de capacidade de escoamento, porque agora não há mais? Há outras alternativas?”, questiona.

Limpeza da malha ajudaria, diz Azevedo

Por ora, ainda não há definição oficial se é uma situação pontual (apenas para este leilão) ou se impedirá a participação do Estado em futuros leilões a partir de 2017. O secretário de desenvolvimento econômico do Estado, Flávio Azevedo, acredita ser restrito ao 2º LER/2016. Na visão dele, o quadro será revertido a partir do levantamento de disponibilidade para novos projetos de investimento em linhões.

Azevedo conta que a EPE se comprometeu a rever, a partir de janeiro de 2017, a malha de transmissão nos estados, a chamada “limpeza de malha”.  O assunto foi discutido durante reunião com a direção da EPE na última quinta-feira (29).

“Estamos formalizando nosso protesto e o nosso pleito para que seja feita a limpeza da malha, de modo que projetos que não foram viabilizados voltem a ter seu potencial ofertados e novas linhas sejam construídas e o Rio Grande do Norte não seja ainda mais prejudicado”, disse Azevedo.

A mudança no status  que surpreendeu operadores do mercado e investidores, segundo o secretário de desenvolvimento econômico do Estado, Flávio Azevedo, se deve ao remanejamento de linhas do Rio Grande do Norte, Campina Grande (PE) e de outros estados do Nordeste para escoar a energia gerada pela hidrelétrica de Belo Monte (PA) para as regiões Sul e Sudeste do país, após a falência da empresa espanhola responsável pela construção dos linhões. “Mais uma vez, o Nordeste e sobretudo o RN são prejudicados para atender o Sul e Sudeste”, frisa. “Mas não deve atingir os projetos que estão ligados a subestação de Assu para cima (Mossoró, Grossos)”, afirma.

Fonte: Sara Vasconcelos | Tribuna do Norte